segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A Primeira Neve :)

Hoje, como sempre, meu celular despertou às 7h da manhã e eu levantei da cama resmungando de sono. Escovei os dentes, me troquei, penteei o cabelo, e quando ia abrir a porta do quarto pra sair, minhas kids vieram correndo dizendo "Nathalia, temos neve lá fora! Vem ver, vem ver!". Me pegaram pela mão e descemos correndo as escadas juntos, de mãos dadas, pra ver a neve que caía lá fora. Que coisa mais linda! Que momento mágico! Um sorriso enorme nos rostos de cada um de nós três, e acho que eu era a mais criança ali.

Durante o café, fiquei olhando o tempo todo pela janela, a neve caindo bem fraquinha, o chão do quintal coberto de um branco puríssimo.

De segunda feira eu geralmente não tenho que levar as crianças pra escola, mas hoje eles fizeram questão que eu fosse com eles pra ver a neve de perto, eles queriam ver como seria minha reação à primeira neve. Assim que eu saí de casa e coloquei os pés pela primeira vez naquela neve branquinha, senti que tudo valeu a pena.

A magia da neve contaminou a todos, e eu nunca me senti tão parte dessa família como hoje, quando todos sentamos à mesa e olhamos a neve cair branca e silenciosa lá fora.


Obrigada Holanda, por não me deixar ir embora sem ver essa beleza da natureza :)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Reflexão e desabafo.

Já tem 4 meses e meio que eu estou na Holanda e é claro que a saudade é cruel e machuca, mas eu aprendi a lidar com isso. Estar aqui é uma oportunidade pela qual eu sou muito grata, de verdade, mesmo que não seja exatamente o que eu esperava. Tudo tem um lado positivo e um negativo, e ser Au Pair não é diferente, mas eu aprendi que não adianta nada pesar os dois, porque o que importa não é se existem mais lados positivos ou negativos, e sim como você decide encarar toda a situação e qual atitude você vai ter diante das dificuldades. Foi uma lição difícil de ser aprendida, mas hoje eu posso dizer que sou feliz por estar aqui.

Estando aqui eu pude conhecer inúmeras pessoas e lugares, diferentes hábitos e culturas, diferentes pontos de vista, vi lugares lindos, chorei como nunca pensei que era possível e me diverti como nunca imaginei que faria. Em um único dia, acordei em Amsterdam, a tarde estava em Den Haag, vi o sol se pôr em Delft, aproveitei a noite Rotterdam, e dormi novamente em Naarden. Cada experiência que eu tenho aqui é uma memória que guardarei pro resto da vida, cada amizade feita será lembrada em todos os momentos de alegria, cada riso e cada lágrima virarão história pra contar.

Não me arrependo mais de ter feito essa escolha, de ter vindo pra cá, mas mesmo assim não posso deixar de esperar ansiosa pelo dia em que voltarei ao Brasil. Tenho muitos planos pra quando voltar, e tempo de sobra para aperfeiçoá-los enquanto eu estiver aqui. Não vou deixar de viver cada momento, cada experiência aqui na Holanda com alegria, mas também não vou deixar de me sentir feliz sempre que lembrar que cada dia que passa aqui, me coloca um dia mais perto de ir embora.

Minha passagem de volta ao Brasil já tem dia e hora marcados. No sábado, dia 30 de junho, ás 10:05 da manhã estarei embarcando num voo direto da KLM do aeroporto Schiphol de Amsterdam para Guarulhos em São Paulo.

É, eu sei que enquanto eu faço a contagem regressiva pra ir embora, tem muita gente chorando porque não quer voltar, mas não me levem a mal. Não é que eu não esteja aproveitando meus dias de Au Pair na Holanda, é só uma questão de que existem coisas no Brasil para as quais eu quero muito voltar, e eu estou ansiosa pra tocar minha vida em frente e colocar em prática todos os planos que eu tenho para mim mesma.

Ser Au Pair é uma fase da minha vida, e assim como todas as outras, essa fase vai passar e outra vai vir em seu lugar. Enquanto isso, farei cada dia valer a pena, para poder, lá na frente, olhar pra trás e me orgulhar de ter escolhido passar por essa fase.

Faltam 165 dias e 15 horas... :)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Natal, Ano Novo, Família, Paris, Berlim, e de volta à Holanda!

Salveeee 2012! Feliz ano novo manolada!! Sem perder tempo vamos às novidade... por partes.

O Natal. Foi o primeiro Natal que eu passei longe da minha família, e desde muito antes isso já estava doendo e eu achei que não ia suportar. Meu plano inicial era passar o Natal inteiro dentro do quarto chorando sozinha (because I'm a drama queen). Mas eis que mais uma vez eu tenho a Paty pra me salvar. Já vazei pra casa dela na sexta feira a tarde, e passamos o fds todo juntas. No sábado tivemos nossa ceia de Natal *particular* com direito a troca de presentes e vinho chique (cortesia dos hosts da Paty, aqueles lindos). Foi muito especial, não deu nem tempo de ficar triste pensando na parentaiada comendo peru lá no Brasil... amei.

No domingo a noite a minha família (pai, mãe e tia) chegaram em Amsterdam, mas infelizmente eu não pude ir buscá-los no aeroporto. Quase não dormi a noite inteira, acordei cedinho na segunda feira e arrastei a Paty comigo pra ir FINALMENTE encontrar meus pais depois de quase 4 meses longe deles. Foi uma emoção que não dá nem pra tentar explicar... amor de pai e mãe é uma coisa sensacional.

Durante a segunda feira inteirinha nós passeamos e conversamos muito, matamos a saudade, fizemos 18291871873871 coisas juntos, fomos no meu restaurante holandês favorito, fizemos passeio de barco e zaz... foi perfeito. Houve até um encontro entre minha host family (host mom e kids) e minha família de verdade! Foi lindo, adorei vê-los todos juntos, afinal eu já posso dizer que tenho muito carinho (finally!) pela minha família holandesa.

Foram 3 dias com a família em Amsterdam até quarta feira a noite, quando nós 4 pegamos um busão pra Paris... PARIS! *O*

Chegamos lá na quinta feira de manhãzinha e já fomos diretão pro centro da cidade. Eu nunca vou esquecer da euforia que eu senti quando coloquei meus olhos pela primeira na Torre Eiffel! Em um dia conseguimos fazer muita coisa na verdade, vimos a Torre, o Arco do Triunfo, A Champs Elysees, e vários outros lugares que eu nem consigo lembrar.

No dia seguinte fomos à Notre Dame, e cara, acho que é a coisa mais linda que eu já vi na vida. Sérião. Pelo menos eu sempre fui muito interessada em arte e arquitetura gótica (n.a.: não entendo porra nenhuma de arte ou arquitetura, mas sempre achei a coisa mais linda e sou uma amadora entusiasmada), e fiquei boba admirando cada detalhezinho dentro e fora da igreja. Foi aí que eu tive a brilhante idéia de subir na torre de Notre Dame. Foram 2 horas ou até mais na fila esperando, 8 euros pra entrar e MANO, uma ETERNIDADE de escadas pra subir. Me arrpendi de ter entrado lá no terceiro degrau, mas não dava pra desistir mais... subi e subi e subi e subi e eu achei que fosse morrer de claustrofobia e labirintite, subindo aquela escadaria estreitinha, fechada, em caracol... dá um troço só de lembrar, mas quando chegamos lá em cima e eu pude ver Paris inteira, senti que valeu a pena. É encantador.



Fizemos tanta coisa em Paris que na verdade eu não consigo me lembrar direito como as coisas se desenrolaram... mas lembro que depois de Notre Dame fomos ao Louvre e ao Palácio de Versalhes.

O Louvre é enorme, lindo, e eu A-M-E-I as salas de arte Grega porque lembrei dos Cavaleiros do Zodíaco, mas como todo turista inculto eu queria mesmo era ver a Mona Lisa. Decepção. De todos os quadros que eu já vi na vida, a Mona Lisa é o MAIS sem graça, é ridiculamente pequeno e chega a parecer até mal feito perto das outras obras que estão no museu. Pfff.



Brochei depois de ver essa porcaria e quis ir embora do museu, de lá fomos pro Palácio de Versailles. E aí sim hein mano.

É uma coisa absurdamente absurda, a começar pelo preço que eles cobram pra gente entrar lá. Mas até aí, pra quem já tinha pago 10 euros pra ver um quadrinho sem graça no Louvre, eu paguei mais 18 euros com gosto pra entrar no palácio do(s) Rei(s) Luís(es).

É ouro pra todo canto, uma extravagância que não tem nem como explicar, é inimaginável e eu nem vou tentar descrever porque não tem como, simplesmente não tem. É amazing. Se liga só no quarto da rainha:


Acho que Versailles foi a última coisa mega impressionante que eu vi em Paris. Lembro que andamos a cidade inteira pra achar a Sacre Coeur, mas eu tava morrendo de dor nos rins (é, dor nos rins) e não aguentei subir a escadaria, então não vi nada de Sacre Coeur. Vai ficar pra próxima vez.

A grande expectativa era a virada de ano na Champs Elysees, e eu me produzi toda, de maquiagem nova e zaz pra ir passar o que eu achei que fosse ser o ano novo mais chique da minha vida. Chegamos lá com nossa garrafa de champagne francês e uma cesta de queijos e arrumamos um lugarzinho privilegiado no meio da multidão, bem pertidnho do Arco do Triunfo, de onde a gente podia ver o lado da cidade onde fica a Torre e achamos que íamos ver uma queima de fogos inesquecível... Sabe o reveillon da Av. Paulista? Com certeza foi bem mais legal do que o nosso. Pff... preferia ter ido ver a Mona Lisa de novo. Mas whatever, o que importa é que eu estava com a minha família linda vendo 2012 chegar de Paris. Uh la la!

Na segunda a noite pegamos o busão de volta pra Amsterdam, e terça feira foi dia de despedida... doeu infinitamente mais ter que me despedir dos meus pais pela segunda vez, principalmente depois do tanto que eu fiquei homesick quando cheguei aqui... eu achei que não fosse aguentar me separar deles de novo, mas acho que eu já estou começando a ficar meio anestesiada, e fui forte o suficiente pra conseguir soltar a mão do meu pai e andar de cabeça erguida pro portão de embarque... porque enquanto eles embarcavam de volta pro Brasil, eu embarcava em direção ao meu segundo maior sonho: Alemanha!

Eu pra variar fui viajar sem ter onde ficar. Ok, acho que já estou me acostumando com isso... cheguei no aeroporto de Berlim as 21h, peguei minha malinha e sentei me perguntando "Deus, o que eu faço agora? Pra onde eu vou???" e eis que eu olho pro lado e tem um cartaz de um hostel, com um número de telefone e as palavras "ligue grátis para esse número...", e eu liguei. Foi a melhor coisa que eu fiz, pq não só o hostel tinha uma caminha fofinha e limpinha num quarto só de meninas pra mim, como também tinha pessoas novas esperando pra me conhecer lá!

Pra resumir, fiz uma amiga do Irã que me acompanhou dois dias inteiros passeando sem rumo em Berlim, e conheci duas meninas da - pasmem - Holanda! Super simpáticas, passei um dia todo com elas e ainda descobri que os holandeses são muito mais simpáticos que a maioria dos alemães (sad but true).

Como eu disse, conhecer a Alemanha era o meu segundo maior sonho (depois de Londres), e talvez eu estivesse com as expectativas altas demais, por que na minha opinião Berlim não é nem 20% tão fodástica quanto eu achei que ia ser. Acho que não é por nada, não sei explicar... mas eu senti um clima pesado em todo lugar que eu ia, a cidade é cinza e até um pouco feia, as partes do Muro espalhadas em todo canto e os memoriais de guerra e coisas do tipo dão um toque meio que assustador, é tenso, a energia não é boa. Talvez fosse só eu, porque eu sempre amei estudar a história alemã, especialmente a Segunda Guerra Mundial (meus professores da faculdade que o digam!), e em cada cantinho da cidade que eu pisava eu conseguia imaginar o terror que deve ter acontecido ali, e eu acabava sempre com um nó na garganta. Mas a experiência é impagável.

 

Uma coisa que eu decidi é que eu queria ir sozinha visitar o Museu dos Judeus, e foi a melhor decisão que eu tomei. Eu fiquei horas, mas assim, HORAS lá dentro. Eu analisei profundamente cada detalhe, eu li todos os depoimentos, li todas as cartas que estavam expostas, admirei todas as fotografias e peças originais, me permiti sentir cada sensação que o lugar proporciona. Óbvio que esse também não é um lugar de energias positivas, todas as histórias são tristes e eu cheguei a chorar quando entrei na "Holocaust Tower", uma torre  escura de 24 metros de altura fria e silenciosa, que foi construída para reviver a sensação de estar dentro de uma câmara de gás.



Apesar desse climão zuado, eu tive meus dias de alegria. Na sexta feira eu fui no aeroporto buscar minha amiga Cathy, nós fizemos faculdade juntas e ela está morando na Alemanha agora, tinha mais de 6 meses que não nos víamos! Foi tão legal encontrar com ela que eu esqueci da vida! Ficamos as duas na casa de uma outra amiga, fizemos comidinhas brasileiras, comemos 10298193819721928 donuts, bebemos 10219812710281961876319728712 litros de cerveja alemã e conversamos até as 4 e pouco da manhã. Foi delcioso!

No domingo, meu último dia em Berlim e último dia de férias, eu acordei com o coração apertado e num mau humor que meus queridos amigos já conhecem tão bem, infelizmente. Fiquei o dia todo de cara fechado, só pensando em como ia ser foda ter que voltar pra Naarden, pra minha vidinha de au pair, principalmente depois depois de ter encontrado meus pais e amigos... mas eu sou assim dramática e sofro por antecedência, todo mundo já sabe. A Cathy pelo menos nem deu bola pra minha cara feia, aquela fofa! hahaha. Pra terminar o dia com programinha de meninas, fomos assistir uma comédiazinha romântica no cinema. Deu pra dar bastante risada e meu humor até melhorou. Quando deitei na cama e pensei que no dia seguinte eu estaria voltando pra Holanda... eu surpreendentemente me senti feliz!

Acho que foi porque eu passei mais de duas semanas fora de casa, ou talvez não tenha nada a ver com isso, mas em algum ponto da minha estadia em Berlim eu comecei a sentir saudades de Naarden e da minha host family, e eu nem consegui acreditar quando eu cheguei em casa e não senti nada além de felicidade e alívio!

No fim das contas, seja aqui em Naarden, ou em Amsterdam com a Paty, ou em qualquer outro lugar, a cada dia que passa eu me sinto mais a vontade com a minha decisão de ter vindo ser au pair na Holanda, e estou começando a sentir que os seis meses que me restam aqui vão ser muito mais proveitosos do que imaginava! De qualquer jeito, continuo fazendo contagem regressiva, por que a vontade de voltar pro Brasil ainda tá firme forte aqui... 6 meses manolada, 6 fucking meses e eu colo aí! ;)

xx.